ABSTRACT
O contexto sócio-cultural que aumenta a vulnerabilidade feminina ao HIV näo desaparece quando as mulheres vivendo com HIV/AIDS (MVA) se descobrem infectadas. Diagnosticadas, novos desafios väo aparecer na sua vida afetiva, poucos descritos na literatura. Foram entrevistadas 1.068 MVA com a utilizaçäo de um questionário composto de questöes abertas e fechadas, visando descrever aspectos da sua vida sexual e reprodutiva e como elas percebem o aconselhamento nessa área, quando säo atendidas em Centros de Referência, em duas cidades de Säo Paulo onde têm acesso gratuito aos medicamentos anti-retrovirais. Das mulheres que têm parceiro sexual estável, 63 por cento usam camisinha em todas as relaçöes sexuais, o triplo da média nacional; 43 por cento dos parceiros säo HIV negativos, 14 por cento têm sorologia desconhecida; 73 por cento têm filhos e 15 por cento pensam em tê-los. O conhecimento sobre transmissäo materno-infantil é menor do que o esperado, e as entrevistadas referem pouco espaço e acolhimento para discutir sexualidade, em especial suas intençöes reprodutivas. O aconselhamento sobre sexualidade deve ser um processo contínuo no atendimento e requer o treinamento interdisciplinar dos profissionais atuando em serviços de saúde, com ênfase nos direitos sexuais e reprodutivos